- Quinta das Ginjas
Porque prosperam as Abelhas em Cuba?
O The Economist publicou recentemente um artigo onde menciona que o mel cubano é de excelente qualidade graças... ao muito modesto desenvolvimento agrícola do país!

Foto: in The Economist
De facto as Abelhas são de extrema importância: 90% da comida que comemos beneficia da presença de insectos polinizadores nos quais se incluem as Abelhas. Assim sendo, menos abelhas, menos alimentos. E esta é a razão que tanto preocupa a comunidade científica e todos os que directa ou indirectamente estão ligados à apicultura. Para que se perceba o drama actual, só nos Estados Unidos e desde 1947, se registou uma perda de cerca de 60% de colónias até aos dias de hoje.
Mas em Cuba o cenário é o oposto!
O número de colmeias aumenta na ordem das 7000 por ano sendo que cada uma produz em média o dobro do mel produzido por cada uma nos Estados Unidos. Um rendimento acrescido para o governo cubano que assim garante um encaixe financeiro extra sendo que paga 600USD aos apicultores por cada tonelada de mel produzido e o exporta pelo preço de 4600USD ou 14000USD se for orgânico. Ou seja com um lucro de 4000USD ou 13400USD respectivamente. Relembre-se que Cuba é um país comunista pelo que aos apicultores está vedada a possibilidade de fazerem eles o preço do mel que produzem...
O Economy acrescenta ainda mais alguns dados importantes para que se compreenda este cenário. Cuba ocupa a modesta 95ª posição no ranking de países no que respeita ao PIB. Por outras palavras, o fraco poder de compra dos cubanos impede-os de adquirirem pesticidas para as suas produções agrícolas o que de outra forma se traduziria num acréscimo da mortalidade e morbilidade das Abelhas, tal como se verifica nos países desenvolvidos.
Cuba demonstra-nos que o desenvolvimento e riqueza de um país não se traduz necessariamente na melhoria da qualidade de vida destes polarizadores nem na quantidade de mel produzido. Pode-se assim inferir que o desenvolvimento tecnológico e riqueza de um país está inversamente proporcional à quantidade e qualidade das colónias e do mel produzido.
O que se ganha de um lado, perde-se pelo outro....
A indústria apícola cubana é relativamente pequena se a compararmos com as grandes potências mundiais do sector. Por exemplo a China (o maior produtor mundial), coloca no mercado cerca de 500.000 toneladas de mel por ano em contraponto com as 15.000 toneladas previstas por Cuba com a recente abertura de um nova unidade de embalamento promovida pelo governo. Cuba pretende dinamizar a produção de mel orgânico ou biológico e para isso a transumância será a estratégia a adoptar. Contudo, a escassez de combustíveis e o terrível traçado rodoviário não ajudam a alcançar esse objectivo. Inclusivamente a capacidade de produção de colmeias parece não estar à altura das necessidades e exigências para este crescimento!
Serão as "Más Economias", boas para as Abelhas?...